Fisioterapia pélvica para homens: quando procurar?
Fisioterapia pélvica para homens: descubra quando procurar, os principais benefícios e evidências científicas que comprovam sua eficácia.
9/29/20257 min read
Quando se fala em fisioterapia pélvica, muita gente ainda associa o tema exclusivamente ao universo feminino. Afinal, os assuntos mais comuns em posts, reportagens e até nas rodas de conversa costumam girar em torno de gestação, parto e pós-parto. Mas o que quase não se comenta é que os homens também possuem assoalho pélvico — e que essa região desempenha um papel essencial em funções básicas como urinar, evacuar, manter a ereção e até no prazer sexual.
Estima-se que até 40% dos homens acima de 50 anos apresentem algum grau de incontinência urinária após cirurgias de próstata. Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (2024), a disfunção erétil afeta cerca de um em cada três homens com mais de 40 anos.
Neste artigo, vamos explicar de forma simples e descontraída quando os homens podem (e devem!) procurar a fisioterapia pélvica, quais problemas ela ajuda a tratar e por que não há motivo para tabu quando o assunto é saúde.
O que é fisioterapia pélvica?
A fisioterapia pélvica é uma especialidade da fisioterapia que atua na prevenção e no tratamento das disfunções do assoalho pélvico — aquele conjunto de músculos, ligamentos e fáscias localizado na base da pelve.
Pense nessa região como uma “rede de sustentação” que mantém a bexiga, o reto, a próstata e outras estruturas bem posicionadas, funcionando em harmonia. Quando algo não vai bem, podem surgir sintomas como incontinência urinária, escapes de fezes ou gases, dor pélvica e disfunções sexuais.
Durante a ereção, os músculos do assoalho pélvico ajudam a manter o sangue dentro dos corpos cavernosos do pênis, garantindo rigidez. Já na micção, esses mesmos músculos atuam como uma ‘válvula’, controlando o fluxo urinário. É necessário tanto saber contrair e ter reserva muscular para isto, como também saber relaxar no momento adequado para permitir o esvaziamento vesical (e isto serve tanto para o xixi quanto para o cocô).
Mas afinal, homens também têm disfunções pélvicas?
Sim — e muito mais do que se imagina. Embora as mulheres sejam mais frequentemente diagnosticadas, os homens também enfrentam alterações importantes nessa região, muitas vezes em silêncio. Ainda há barreiras culturais e tabus que dificultam a busca por ajuda, especialmente quando o assunto envolve sexualidade, continência urinária ou outras funções íntimas.
De acordo com recomendações internacionais da International Continence Society (ICS) e da International Urogynecological Association (IUGA), a fisioterapia pélvica é reconhecida como tratamento de primeira linha para diversas disfunções masculinas. Pesquisas de alto nível — incluindo ensaios clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises — comprovam sua eficácia e segurança, reforçando o papel desse cuidado na reabilitação e na qualidade de vida do homem.
Descrição: vista inferior do períneo, posição de litotomia. (Fonte da imagem: domínio público)
Principais situações em que o homem deve procurar a fisioterapia pélvica
🔹 1. Incontinência urinária após cirurgia de próstata
Um dos motivos mais comuns para homens buscarem atendimento.
Após a prostatectomia (cirurgia para retirada da próstata, geralmente por câncer), é comum que haja escapes urinários. Estudos mostram que o treinamento da musculatura do assoalho pélvico reduz o tempo de recuperação da continência e melhora a qualidade de vida.
🔹 2. Disfunções sexuais
O assoalho pélvico tem relação direta com o desempenho sexual masculino. Alterações de força, coordenação e controle podem levar a problemas como:
Disfunção erétil
Ejaculação precoce
Dor durante ou após a relação
Pesquisas apontam que exercícios direcionados para essa região podem auxiliar na melhora da função erétil e no controle da ejaculação.
🔹 3. Dor pélvica crônica
A chamada síndrome da dor pélvica crônica é caracterizada por desconforto persistente na região entre o escroto e o ânus, podendo irradiar para a bexiga, reto ou parte inferior das costas. A fisioterapia pode ajudar com técnicas de relaxamento, exercícios de coordenação muscular e recursos analgésicos.
🔹 4. Constipação e alterações intestinais
A dificuldade para evacuar ou a sensação de evacuação incompleta pode estar associada à falta de coordenação entre abdome, diafragma e assoalho pélvico. Treinar essa sinergia é um dos papéis da fisioterapia.
🔹 5. Prevenção e melhora da performance
Não é só tratamento: a fisioterapia pélvica também pode ser procurada por homens saudáveis que desejam melhorar a performance esportiva e sexual, prevenindo disfunções futuras.
Como funciona o tratamento?
O primeiro passo é uma avaliação detalhada. O fisioterapeuta especializado observa força, resistência, coordenação e capacidade de relaxamento do assoalho pélvico.
A partir daí, são definidos os recursos terapêuticos mais indicados, que podem incluir:
Exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico (popularmente chamados de “exercícios de Kegel”, mas feitos de forma correta e supervisionada).
Treinamento funcional, integrando abdome, diafragma e pélvico.
Biofeedback, que mostra em tempo real como os músculos estão sendo ativados.
Eletroestimulação, em alguns casos específicos.
Educação em saúde, com orientações para hábitos de vida, postura e respiração.
Tudo é feito de maneira respeitosa, com técnicas baseadas em evidência científica. Mas você também pode começar a se cuidar antes mesmo de ter contato com um profissional da saúde ou desenvolver sintomas de disfunção perineal. Veja como cuidar do assoalho pélvico no dia a dia:
Evitar esforço excessivo ao evacuar;
Manter o peso corporal saudável;
Controlar tosses crônicas aprendendo a contrair o assoalho pélvico antes de tossir;
Fazer pausas durante o trabalho sentado com duração mínima de 5 minutos;
Aprender a ativar e relaxar a musculatura corretamente (sob orientação profissional).
Mitos comuns sobre fisioterapia pélvica em homens
“É só para mulheres.” ❌
Errado. Homens também têm assoalho pélvico e se beneficiam muito do tratamento.“Vou precisar fazer exercícios constrangedores.” ❌
Os exercícios são discretos, muitas vezes feitos em posições confortáveis e, com o tempo, até incorporados na rotina.“Isso não funciona, só cirurgia resolve.” ❌
Grandes revisões científicas já comprovaram que a fisioterapia pélvica é tratamento de primeira linha e pode reduzir ou até eliminar sintomas.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Fisioterapia pélvica dói?
Não. O tratamento é indolor e respeitoso. Alguns exercícios podem gerar sensação de esforço, mas nunca dor.
2. Quanto tempo demora para ver resultados?
Vai depender do caso, mas em média, de 8 a 12 semanas de prática regular já trazem resultados perceptíveis.
3. Preciso de encaminhamento médico?
Não necessariamente. Porém, em situações pós-cirúrgicas ou com doenças de base, é fundamental manter acompanhamento com urologista.
4. Qual profissional devo procurar?
Um fisioterapeuta especializado em saúde pélvica, de preferência com formação reconhecida por sociedades internacionais como a International Continence Society (ICS) e a International Urogynecological Association (IUGA).
5. Existe idade certa para começar?
Não. Homens de todas as idades podem se beneficiar, seja para tratar sintomas, seja para prevenção.
Evidências científicas de alto nível
Revisões sistemáticas da Cochrane e recomendações da ICS/IUGA confirmam a eficácia da fisioterapia pélvica no tratamento da incontinência urinária pós-prostatectomia.
Estudos clínicos randomizados mostram melhora significativa na função erétil após protocolos de exercícios do assoalho pélvico.
Diretrizes internacionais recomendam a abordagem conservadora (fisioterapia) como primeira linha antes de terapias invasivas.
Apesar dos avanços na saúde do homem, o cuidado com o assoalho pélvico ainda é pouco discutido nas consultas médicas e nos programas de atenção básica (a exemplo do Novembro Azul, Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem). A inclusão desse tema nas ações de prevenção pode reduzir casos de incontinência, disfunções sexuais e melhorar a qualidade de vida, especialmente após cirurgias prostáticas.
Conclusão
A fisioterapia pélvica para homens ainda é um território pouco explorado, mas extremamente promissor. Seja no pós-operatório, na melhora da função sexual, no alívio da dor pélvica ou até na prevenção, ela é uma aliada poderosa da saúde masculina.
E o melhor: é um tratamento não invasivo, baseado em evidências científicas sólidas, com resultados que podem transformar a qualidade de vida.
Então, se você ou alguém próximo apresenta sintomas urinários, dor ou dificuldades sexuais, saiba: procurar a fisioterapia pélvica é um passo de cuidado, saúde e autoconhecimento — e não tem nada de tabu nisso.
Referências
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