Outubro Rosa: Conscientização e Prevenção do Câncer de Mama e Colo de Útero

Descubra a origem do Outubro Rosa, a história do movimento e a importância do laço cor-de-rosa na luta contra o câncer de mama. Aprenda sobre a prevenção do câncer de mama e colo de útero, com dicas essenciais sobre exames de rastreamento, hábitos saudáveis e a importância do diagnóstico precoce. Além disso, explore como participar da campanha Outubro Rosa, apoiar a pesquisa e contribuir para a conscientização da saúde da mulher. Esteja informada e faça a diferença!

Fisioterapeuta Pélvica Joyce Andrade Oliveira

10/10/202510 min read

woman in pink and white polka dot shirt
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De onde veio essa ideia tão rosa?

A história do Outubro Rosa tem início da década de 1990 nos Estados Unidos, e seu símbolo mais famoso tem uma origem bem definida. Basta chegar dia primeiro de outubro que trocamos nosso lacinho amarelo por um lindo Laço Cor-de-Rosa. A faísca inicial do movimento ocorreu com a Fundação Susan G. Komen for the Cure, uma das maiores e mais influentes organizações de câncer de mama nos Estados Unidos e no mundo. Fundada em 1982 por Nancy Brinker, a fundação tem a missão de salvar vidas e erradicar o câncer de mama, investindo em pesquisa, conscientização e apoio direto a pacientes.

Sendo assim, em 1990, na cidade de Nova York (EUA), a Fundação organizou a primeira "Corrida pela Cura" (Race for the Cure). Na ocasião, os participantes receberam um laço cor-de-rosa para usar. O laço rapidamente se tornou um símbolo de solidariedade, apoio e, acima de tudo, do combate ao câncer de mama. O uso dele foi popularizado em desfiles de moda, eventos públicos e, assim, consolidou-se como o emblema universal da causa.

Mas, por que outubro? Bom, eu te conto! A ideia de dedicar um mês inteiro à conscientização surgiu logo depois. Não há uma razão científica ou sazonal para a escolha do mês; a razão é puramente simbólica e organizacional, ligada ao início de um grande movimento. O movimento da época viu que era conveniente escolher um mês para intensificar as divulgações e aumentar a visibilidade da causa. Naturalmente, essas ações se concentraram no mês de Outubro, que acabou sendo formalmente reconhecido nos Estados Unidos como o mês nacional de prevenção ao câncer de mama.

O que tornou o movimento verdadeiramente popular e global foi a ideia de iluminar de rosa edifícios, pontes e monumentos. Essa expressão visual é instantaneamente reconhecível e serve como um lembrete constante da campanha.

No Brasil, a primeira ação de iluminação ocorreu em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera em São Paulo foi iluminado com luzes cor-de-rosa, por iniciativa de um grupo de mulheres engajadas na causa. Em 2008, o movimento ganhou grande força no país, com a iluminação de diversos monumentos importantes, como o Cristo Redentor no Rio de Janeiro, espalhando a conscientização por todo o território nacional.

Em resumo, o Outubro Rosa é uma iniciativa que nasceu da mobilização social nos EUA para transformar o câncer de mama, que antes era pouco discutido, em uma pauta de saúde pública global, focando sempre na mensagem de que a detecção precoce salva vidas. Atualmente, muitas secretarias de saúde e instituições no Brasil utilizam a visibilidade do Outubro Rosa para, em conjunto, promover a conscientização sobre o Câncer de Colo do Útero devido à sua alta incidência e à necessidade de prevenção entre as mulheres. Assim, embora o rosa simbolize historicamente a mama, o mês de outubro na prática funciona como um período de atenção total à Saúde da Mulher e à prevenção dos cânceres ginecológicos mais prevalentes.

Fonte: Komen Race for the Cure de 1991, em Nova York. (Foto: Divulgação, Fundação Susan G. Komen for the Cure).

Compreendendo o Câncer de Mama

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, depois dos tumores de pele não melanoma, e é responsável pela maior taxa de mortalidade (Instituto Nacional de Câncer, 2023b). Avanços no tratamento e maior acesso à detecção precoce melhoraram as taxas de sobrevida, tornando-o um câncer com bom prognóstico quando tratado adequadamente.


No Brasil, em 2014, estima-se que surgirão 57.120 novos casos, com uma taxa de incidência de 56,09 casos a cada 100 mil mulheres. Esse câncer é mais frequente nas regiões Sudeste e Sul, e, quando detectado precocemente, tem um bom prognóstico. Porém, quando diagnosticado em estágios avançados, com metástases, a cura é impossível. A sobrevida média após 5 anos é de cerca de 85% nos países desenvolvidos e 80% no Brasil, com melhores resultados relacionados ao diagnóstico precoce por meio da mamografia.

A idade é o maior fator de risco, com as taxas de incidência aumentando até os 50 anos e depois diminuindo gradualmente. Outros fatores incluem a vida reprodutiva da mulher (como menarca precoce e idade avançada para a primeira gestação), histórico familiar de câncer de mama, obesidade e fatores socioeconômicos.

Considerado uma doença heterogênea, ou seja, apresenta uma grande variedade de características e manifestações, tanto em sua origem quanto no seu desenvolvimento, o câncer de mama é amplamente estudado, com tratamentos e prognósticos baseados em estudos científicos e diretrizes internacionais. As recomendações para detecção precoce no Brasil incluem exame clínico das mamas a partir dos 40 anos e mamografia a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos. A detecção precoce e a identificação de fatores de risco são essenciais para melhorar o tratamento e o prognóstico, com a Atenção Básica (nossas queridas Unidades Básicas de Saúde, que carinhosamente chamamos de "postinho") desempenhando um papel crucial no encaminhamento para cuidados especializados.

Compreendendo o Câncer de Colo de útero

O câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, é um tipo de câncer que se desenvolve nas células do colo do útero, a parte inferior do útero que se conecta à vagina. Esse câncer é frequentemente causado pela infecção persistente pelo vírus HPV (papilomavírus humano), que é transmitido principalmente por meio de relações sexuais. Embora a infecção pelo HPV seja comum, nem todas as mulheres que contraem o vírus desenvolvem câncer, mas ele é considerado o principal fator de risco.

No Brasil, estima-se que, entre 2023 e 2025, ocorram 17.010 novos casos de câncer do colo do útero por ano, com um risco de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. As taxas são mais altas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O câncer do colo do útero é o terceiro mais comum no país, sendo o segundo nas regiões Norte e Nordeste. Infelizmente, 81,8% dos casos são diagnosticados em estágios avançados (II-IV). Em 2022, foram registrados 6.983 óbitos, com uma taxa de mortalidade de 4,79/100 mil mulheres, sendo mais alta na Região Norte (9,99/100 mil). Este câncer é um grande desafio na saúde da mulher, mas possui alto potencial de controle por meio da prevenção, com vacinação (prevenção primária) e rastreamento regular (prevenção secundária).

Como prevenir CA de mama?

  1. Exames regulares:

    • Mamografia: Mulheres a partir dos 40 anos devem fazer a mamografia regularmente, conforme as orientações médicas. Esse exame é importante para detectar o câncer em estágio inicial, quando as chances de tratamento são maiores.

    • Autoexame: Embora não substitua a mamografia, o autoexame das mamas pode ajudar a mulher a perceber mudanças nos seios, como nódulos ou alterações na pele. Qualquer alteração deve ser discutida com um médico.

  2. Manter um estilo de vida saudável:

    • Alimentação balanceada: Comer alimentos ricos em fibras e reduzir a ingestão de gorduras saturadas e processadas pode ajudar a reduzir o risco.

    • Manter o peso saudável: O excesso de peso, especialmente após a menopausa, está associado a um aumento no risco de câncer de mama.

    • Exercícios físicos: A prática regular de atividade física ajuda a manter o peso adequado e pode reduzir o risco de câncer de mama.

    • Evitar o consumo de álcool e tabaco: O consumo excessivo de álcool e o tabagismo estão relacionados ao aumento do risco de câncer de mama.

  3. Amamentação: Amamentar pode ajudar a reduzir o risco de câncer de mama, especialmente se a mulher amamentar por mais de seis meses.

  4. Uso de hormônios: O uso prolongado de terapia hormonal (como na reposição hormonal durante a menopausa) pode aumentar o risco. Isso não quer dizer que você deva deixar de utilizá-los, mas sim, conversar com seu(a) ginecologista sobre qual tratamento é ideal para você e seu histórico de saúde, e manter os exames de prevenção sempre em dias.

  5. Histórico familiar e genética: Mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou mutações genéticas, como BRCA1 ou BRCA2, podem ter um risco maior. Nesses casos, o acompanhamento médico regular e, em alguns casos, a realização de exames genéticos podem ser recomendados. A mamografia passa a ser necessária aos 35 anos para pessoas que possuem este risco, embora o CA de mama seja preocupante, hoje sabemos que quanto mais cedo identificá-lo, maior a chance de ficar livre dele!

  6. Evitar a radiação excessiva: Evitar exposição desnecessária à radiação, especialmente em exames médicos, pode reduzir o risco a longo prazo.

Adotar esses hábitos e realizar exames regulares são formas importantes de prevenir o câncer de mama ou detectá-lo precocemente, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.

Como previnir o CA cervical?

  1. Vacinação contra o HPV:
    A infecção persistente pelo vírus HPV (papilomavírus humano) é a principal causa do câncer de colo de útero. A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenção, protegendo contra os tipos mais comuns do vírus que causam câncer cervical. A vacina é recomendada para
    meninas e meninos a partir dos 9 anos e pode ser administrada até os 45 anos, conforme orientação médica. "Ah, mas menino não tem útero", mas tem uma genitália que transmite o vírus de forma igual! Todos vacinados para a proteção de todos! 

  2. Exame de Papanicolau (Pap Smear):
    O exame de Papanicolau é fundamental para detectar alterações celulares no colo do útero, que podem ser precoces sinais de câncer. Mulheres devem começar a realizar esse exame aos 25 anos ou três anos após o início da atividade sexual, com frequência de 1 vez por ano até os 64 anos, conforme a recomendação médica.

  3. Uso de preservativos (camisinha):
    O uso de preservativos durante as relações sexuais ajuda a reduzir o risco de infecção por HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis, que podem aumentar o risco de câncer cervical.

  4. Evitar comportamentos de risco:

    • Reduzir o número de parceiros sexuais: quanto maior o número de parceiros sexuais, maior a chance de exposição ao HPV. A não ser que seja possível um diálogo aberto entre os parceiros em que o exame de rotina seja algo natural, e os cuidados com a saúde sejam prioridade! 

    • Não fumar: O tabagismo enfraquece o sistema imunológico, tornando mais difícil para o corpo combater infecções, incluindo o HPV.

  5. Acompanhamento médico regular:
    Manter consultas periódicas com um ginecologista para realizar exames preventivos e discutir o histórico sexual e fatores de risco. Além do exame de Papanicolau, o médico pode orientar sobre a frequência de outros exames, dependendo dos fatores individuais.

Essas estratégias, quando adotadas de maneira consistente, são eficazes na prevenção do câncer de colo de útero, reduzindo significativamente o risco e aumentando as chances de detecção precoce.

Por fim...

O câncer de mama e colo de útero pode ter cura sim! Com o uso da vacina e os exames de rotina, estamos salvando vidas. É importante lembrar que o apoio às pesquisas também desempenha um papel fundamental na luta contra o câncer de mama. Participar de campanhas que incentivam a doação para estudos sobre novos tratamentos e cura é essencial. Como comunidade, é importantíssimo apoiarmos nossas Unidades Básicas de Saúde (UBS) que correspondem ao seu bairro ou região próxima. Seja participando dos eventos ou até elaborando em conjunto com a Equipe de Saúde da Família.

Ao se envolver na campanha Outubro Rosa, cada um de nós pode ajudar a construir um futuro mais promissor para todas as mulheres que são afetadas por esta condição, promovendo a saúde e a integração de cuidados pélvicos em oncologia. E cuidar de uma mulher é o mesmo que cuidar de uma sociedade inteira!

Estamos todos juntos nessa luta. A atuação coletiva pode impulsionar mudanças significativas na vida de muitas mulheres. Este Outubro Rosa, comprometa-se a cuidar de você mesma e a inspirar outras a fazerem o mesmo. Promova a saúde, conheça seu corpo e faça os exames necessários regularmente. Sua saúde é valiosa e deve ser priorizada sempre.

Referências:

  • Ministério da Saúde. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas: oncologia. Brasília: Ministério da Saúde; 2024.

  • Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Relatório preliminar das diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Parte I: rastreamento organizado utilizando testes moleculares para detecção de DNA-HPV oncogênico. 2024.

  • Ministério da Saúde. Portaria SECTICS/MS nº 3/2024. Diário Oficial da União. 2024.

  • Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Boletim Epidemiológico Câncer de Colo do Útero 2024. Brasília: INCA; 2024.

  • Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Controle do câncer de mama no Brasil: dados e números 2024. Brasília: INCA; 2024.

  • Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Diretrizes Brasileiras de Tratamento do Câncer de Mama: Versões Finalizadas 2024. Capítulos específicos sobre Estadiamento, Adjuvância, Neoadjuvância e Doença Metastática. São Paulo: SBOC; 2024.

  • Ministério da Saúde / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama. Brasília: Ministério da Saúde / INCA; 2024.

a close-up of a woman's chest with a tattoo on it
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person wearing black shirt showing tummy with text
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