Como a Fisioterapia Pélvica Ajuda Mulheres a Recuperar o Conforto, o Prazer e a Confiança no Corpo

Quer descobrir como a Fisioterapia Pélvica pode transformar a sua saúde hoje mesmo? Neste post, explico tudo o que você precisa saber: como ela funciona, quando buscar ajuda e os incríveis benefícios que essa prática pode trazer para toda a sua vida!

Fisioterapeuta Pélvica Joyce Andrade Oliveira

5/8/20248 min read

Eu sei, pode parecer um título ousado, mas afirmo com toda a certeza científica: a Fisioterapia Pélvica transforma vidas! Reconhecida pelo COFFITO dentro da especialidade de Saúde da Mulher e do Homem, essa prática atua na prevenção e no tratamento das disfunções do assoalho pélvico ao longo de toda a vida. Afinal, a pelve é uma estrutura que ambos os sexos possuem!

O mais incrível é a variedade de disfunções que podemos prevenir e tratar, bem como a diversidade de estratégias para reabilitar e otimizar habilidades intracavitárias. Isso vai desde o preparo e a recuperação pós-parto, até o manejo da incontinência urinária,flatos vaginais, dor pélvica, diástase abdominal, alterações da função sexual nas mulheres; passando pela reabilitação pós-cirurgia de próstata, disfunções miccionais, dor pélvica crônica, adaptação após cirurgias de mudança de sexo, e até disfunções relacionadas à incontinência fecal, enurese noturna infantil e constipação funcional 

O segredo está na avaliação individualizada, que considera força, coordenação e relaxamento da musculatura, permitindo prescrição de exercícios personalizados e técnicas avançadas como biofeedback, eletroterapia e treinamento funcional, seja qual for o perfil do paciente. Tudo isso seguindo as diretrizes da IUGA e ICS, entidades de referência em distúrbios do assoalho pélvico, que reconhecem a fisioterapia pélvica como tratamento de primeira linha baseado em evidências.

                              Fonte: Imagem gerada por IA em que apresenta equipamentos utilizados em fisioterapia pélvica

O que é a Fisioterapia em Saúde da Mulher?

Quando falamos em saúde da mulher, muitas vezes a mente vai diretamente para áreas como ginecologia ou obstetrícia. Porém, o assoalho pélvico vai muito além das funções reprodutivas, e a Fisioterapia em Saúde da Mulher surge como uma resposta à necessidade de enfrentar os inúmeros casos de incontinência urinária entre as mulheres no Ocidente.

Esta especialidade nasceu na Europa, por volta do século XX, com um foco bem específico: ajudar na recuperação pós-parto e tratar a incontinência urinária, que já era um grande desafio. Aos poucos, foi ganhando reconhecimento científico e ampliando seu alcance. Hoje, não se limita ao puerpério, mas abrange diversas fases da vida de pessoas de todos os gêneros e condições que impactam diretamente o bem-estar e a autonomia, como as intensas cólicas menstruais, que em casos graves podem levar até à hospitalização.

👉 Leia também: O que é incontinência urinária e seus principais tipos

A especialidade utiliza técnicas de avaliação individualizada, focando na força, resistência, coordenação e relaxamento muscular do assoalho pélvico. Uma das formas padrão de avaliação é a aplicação da escala PERFECT, criada por Laycock e Jerwood (1990), que classifica a força muscular de acordo com os seguintes critérios:

  • 0: Nenhuma contração

  • 1: Esboça a contração, mas não movimenta o músculo

  • 2: Movimenta o músculo, porém não eleva os dedos do avaliador

  • 3: Vence a gravidade, mas não sustenta a contração

  • 4: Vence a gravidade e sustenta a contração contra uma leve resistência

  • 5: Vence a gravidade, eleva os dedos e suga para dentro, como um bebê faminto suga o peito.

                       Fonte: Imagem gerada por IA que apresenta esquema New PERFECT da Laycock e Jerwood.

O tratamento envolve exercícios terapêuticos personalizados, biofeedback, eletroterapia (como TENS e FES) e outras abordagens, com o objetivo de promover a saúde pélvica, reabilitar a função, melhorar a qualidade de vida, a autonomia e o bem-estar físico e emocional.

Muitas pessoas conhecem o treino dos músculos do assoalho pélvico como pompoarismo. No entanto, essas técnicas possuem diferenças importantes e, em alguns casos, riscos. A principal diferença é que o pompoarismo pode incentivar a expulsão de cones de treinamento pela musculatura pélvica, o que não é recomendado pela comunidade científica. Isso ocorre porque essa prática pode gerar lesões musculares e até causar prolapso dos órgãos pélvicos, devido ao aumento da pressão intra-abdominal. Embora o pompoarismo possa oferecer alguns benefícios, hoje sabemos que a forma mais segura e correta de trabalhar o assoalho pélvico é por meio do treinamento muscular específico, realizado sob orientação profissional.

Além disso, a fisioterapia pélvica está em constante crescimento e reconhecimento, não apenas no contexto pós-parto, mas também em diversas fases da vida. Ela abrange cuidados antes e após cirurgias, reabilitação de disfunções urinárias, fecais e sexuais, apoio a métodos contraceptivos e também na transição de gênero.

Foco no assoalho pélvico

O assoalho pélvico é a região anatômica central da fisioterapia pélvica, responsável por manter o equilíbrio de pressões viscerais, musculares e líquidas, garantindo o funcionamento fisiológico das estruturas pélvicas. Entre suas principais funções estão:

  • Controle de urina, fezes e gases

  • Sustentação dos órgãos pélvicos (bexiga, útero, reto)

  • Promoção de vida sexual saudável

  • Atuação no parto e recuperação pós-parto

A pelve é delimitada superiormente entre o púbis e o promontório sacral e inferiormente entre a tuberosidade isquiática e o ápice do cóccix, separando-a do períneo.

Divisão anatômica do assoalho pélvico:

  • Anterior ou urinário: bexiga, colo vesical e uretra

  • Médio ou genital: vagina e útero em mulheres, próstata em homens

  • Posterior ou anal: ânus, canal anal, sigmóide e reto

  • Peritoneal: fáscia endopélvica e membrana perineal

Divisão funcional:

  • Diafragma pélvico: músculos isquiococcígeo e levantadores do ânus, fechado acima pela fáscia endopélvica

  • Diafragma urogenital: entre o ísquio e a sínfise púbica, atravessado por uretra e vagina

  • Períneo (membrana perineal): extensão da fáscia de Carcassonne, conectando a musculatura profunda do assoalho, o cóccix e o esfíncter anal

Quando essa base perde equilíbrio, podem surgir disfunções que afetam o bem-estar, a autoestima e a autonomia. Em alguns casos, as pessoas acabam limitando suas atividades sociais por receio de não conseguirem controlar a urina ou as fezes. Isso também pode impactar a vida afetiva e sexual, gerando frustração ou dificuldade em aproveitar relações de forma prazerosa.

Fisioterapia pélvica e fases da vida

A verdade é simples: em algum momento da vida, praticamente todas as pessoas podem se beneficiar da fisioterapia pélvica. Na juventude feminina, ela ajuda no manejo de dor pélvica, vaginismo e dispareunia, permitindo que a vida sexual seja vivida com mais conforto e autonomia. Na gestação, prepara o corpo e a mente para o parto, prevenindo diástase, incontinência urinária e reduzindo o risco de lasceração. No pós-parto, apoia a recuperação da força, da cicatrização e da vitalidade corporal após a grande transformação da maternidade.

Na maturidade, segue sendo aliada potente: melhora o controle urinário e intestinal, trata o prolapso, reduz dores, favorece a lubrificação natural e amplia o prazer sexual. O envelhecimento, longe de ser sinônimo de perda, pode ser uma fase de potência e liberdade — e a fisioterapia pélvica é ferramenta concreta para sustentar essa autonomia. E os homens também se beneficiam: na terceira idade, é recurso central na reabilitação após cirurgias de próstata, no manejo da incontinência urinária de esforço, da dor pélvica crônica e até no suporte a disfunções eréteis relacionadas ao assoalho pélvico.

Para a comunidade LGBTQIA+, a fisioterapia pélvica oferece suporte essencial em diferentes contextos, como a preparação para cirurgias de redesignação sexual, a reabilitação pós-operatória, o manejo de disfunções urinárias, fecais ou sexuais, e a melhora da saúde sexual e do conforto corporal. Esses cuidados promovem bem-estar, autonomia e qualidade de vida, garantindo que todas as pessoas possam vivenciar sua identidade corporal de forma segura e saudável.

Contraindicações e cuidados

Embora seja uma prática segura, a Fisioterapia Pélvica exige avaliação profissional antes de iniciar.

  • Não indicada em casos de infecção urinária ativa, sangramento genital inexplicado ou pós-operatório sem liberação médica.

  • Em gestantes, alguns recursos, como a eletroterapia, devem ser usados com cautela e sempre sob supervisão especializada.

Por isso, o tratamento deve ser conduzido apenas por fisioterapeutas especializados em Saúde da Mulher, com formação reconhecida pelo COFFITO, garantindo segurança e eficácia em todas as fases da vida.

Mitos e verdades sobre a Fisioterapia Pélvica

  • “É só fazer Kegel em casa” → Nem sempre! Exercícios mal orientados podem ser ineficazes ou até prejudiciais.

  • “Só serve para idosas” → A atuação é para todas as fases da vida.

  • “Pode prevenir cesariana desnecessária” → Verdade: treinos adequados ajudam no preparo do parto vaginal.

  • “Ajuda também na saúde sexual” → Sim! A melhora da força e coordenação pélvica aumenta conforto e prazer.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Preciso de encaminhamento médico para começar?
Não, mas é comum médicos ginecologistas e urologistas indicarem. 

2. Quanto tempo leva para ver resultados?
Estudos mostram melhora em 8 a 12 semanas de treino supervisionado + exercícios em casa.

3. O tratamento dói?
Não. Alguns recursos podem gerar leve desconforto, mas não dor.

4. Existe uma idade certa para iniciar?
Não. A fisioterapia pélvica é indicada desde adolescentes até idosas.

Quando consultar um(a) fisioterapeuta pélvica?

  • Perda urinária ao tossir, rir ou praticar exercícios;

  • Dor pélvica ou vaginal durante relações;

  • Sensação de “bola” ou peso na vagina (sinal de prolapso);

  • Dificuldade para evacuar ou controlar gases;

  • Desejo de preparo para o parto ou recuperação pós-parto.

Erros comuns

  • Achar que “qualquer exercício” serve para fortalecê-lo;

  • Iniciar um treino sem avaliação profissional;

  • Ignorar a fase de relaxamento muscular;

  • Abandonar o tratamento antes do tempo recomendado.

Cuidar do seu corpo é um ato de autoconhecimento e paciência. O assoalho pélvico merece atenção, respeito e acompanhamento adequado — ele sustenta muito mais do que músculos, sustenta sua vitalidade e bem-estar. Quando decidir o rumo do seu tratamento, caminhe com confiança e consciência. Não se apresse, não se compare e, acima de tudo, não caminhe sozinho(a): permita que profissionais especializados te orientem nesse processo. Seu corpo fala, e quando você escuta com carinho, a cura acontece de dentro para fora. 🌷

Leituras relacionadas

📌 Enjoy Fisio Pélvica → este texto faz parte do nosso compromisso de oferecer informação baseada em evidência científica, com linguagem acessível, para que cada mulher se sinta mais segura e autônoma no cuidado com a própria saúde.

Referências
  1. Abrams P, Cardozo L, Wagg A, Wein A, et al. ICS 2024 International Continence Society Guidelines. Neurourol Urodyn. 2024.

  2. Dumoulin C, et al. Pelvic floor muscle training versus no treatment for urinary incontinence in women. Cochrane Database Syst Rev. 2022.

  3. IUGA Committee Opinion. Best practices for pelvic floor rehabilitation. Int Urogynecol J. 2023.

  4. Bordoni B, Sugumar K, Leslie SW. Anatomia, Abdômen e Pelve, Assoalho Pélvico. [Atualizado em 17 de julho de 2023]. Em: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): StatPearls Publishing; jan. de 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK482200/

  5. Laycock J, Jerwood D. Manual Therapy for the Pelvic Floor: The PERFECT Scheme. 1990.

a crowd of people with a sign and a rainbow flag
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a skeleton is dancing on a pink background
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a street sign that says only give way
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