Qual tipo de lubrificante escolher?

Para cada momento especial e fase da vida existem certas diferenças que precisam de uma atenção especial na hora de escolher o lubrificante. Você sabe por que existem tantos tipos no mercado? Quais diferenças entre suas finalidades?

Fisioterapeuta Pélvica Joyce Andrade Oliveira

10/24/20248 min read

Veja bem...

Até onde eu sei, não existe “o melhor lubrificante do mundo”, e sim o melhor para você, de acordo com seu corpo, sua fase de vida e até a prática sexual escolhida. Uma mulher em período fértil, por exemplo, costuma se adaptar bem a lubrificantes à base de água, leves e de rápida absorção. Já mulheres no pós-parto ou na menopausa, que enfrentam maior ressecamento pela baixa de estrogênio, podem se beneficiar mais de opções à base de óleo ou siliconadas, que permanecem por mais tempo e oferecem maior proteção contra fissuras.

Em relações pelo canal anal, em que não há lubrificação natural, os produtos à base de silicone ou óleo são os mais recomendados por garantirem deslizamento prolongado e redução do risco de microlesões ou sangramento.

Homens também podem se beneficiar: após cirurgias de próstata ou em casos de dor pélvica crônica, o uso de lubrificante adequado pode prevenir atrito e desconforto durante exames ou práticas sexuais. O ponto central é entender que a escolha é a prevenção de complicações e machucados, e potencialização do prazer — usar o produto certo evita dor, ardência, sangramentos e ajuda a manter a sexualidade ativa com segurança em qualquer fase da vida.

Por onde começar?

É muito comum eu receber no consultório pacientes que se queixam de ressecamento na região genital. Contudo, essa confissão quase sempre só vem à tona quando faço a seguinte pergunta:
“Você percebe que sua lubrificação está diminuída? Chega a sentir dor?” Prontamente, ouço respostas como: “Sim! Eu ia te contar isso!” ou “Meu parceiro(a) sempre diz que estou muito seca.”
Costumo identificar essa condição por alguns
sinais: coloração menos rósea, mais próxima do tom da pele adjacente; umidade reduzida; e queixa de ardência, mesmo quando aplico bastante gel lubrificante antes do exame clínico.

Hoje em dia, lubrificantes estão por toda parte — supermercados, conveniências, farmácias e lojas online. O acesso ficou fácil e o tabu diminuiu bastante: já não são produtos escondidos nas prateleiras, mas aliados da saúde sexual e até de procedimentos necessários, como a aplicação de supositórios ou outras atividades em que seu uso faz sentido. O dilema agora é outro: como escolher entre tantas opções, embalagens chamativas e promessas milagrosas? Antes de ir direto ao rótulo, vale refletir sobre algumas questões simples que fazem toda a diferença:


Em que fase da vida você está? Durante o ciclo menstrual, muitas mulheres percebem maior ressecamento no período pré-menstrual, seguido por aumento da lubrificação assim que o ciclo começa. No pós-parto, a queda do estrogênio pode intensificar a secura; já na perimenopausa e na menopausa, a diminuição hormonal costuma exigir o uso frequente e em maior quantidade de lubrificantes — e é comum a queixa de que eles “acabam rápido”.

Qual é a prática sexual desejada? Relações vaginais, anais ou ambas demandam produtos diferentes. O sexo anal, por exemplo, sempre requer o uso de lubrificante, já que o ânus não produz lubrificação natural.

Essas respostas simples ajudam a direcionar a escolha mais adequada. Afinal, o melhor lubrificante não é o mais famoso ou o da propaganda mais bonita, mas aquele que se adapta às necessidades do seu corpo, ao seu momento de vida e ao tipo de prazer que você deseja viver — sem dor, sem desconforto e com naturalidade.

As três lógicas da escolha

1. Função básica: reduzir o atrito e facilitar o deslizamento.

Um bom lubrificante cria uma camada fluida entre os tecidos do corpo, diminuindo o risco de pequenas fissuras, aumentando o prazer e favorecendo o relaxamento muscular.
Nesse aspecto, tanto os lubrificantes à base de água quanto os à base de óleo cumprem o mesmo papel: reduzir o atrito.

Além disso, há versões com funções adicionais — algumas proporcionam sensação de aquecimento, outras de resfriamento; há as que são palatáveis (para sexo oral) e até aquelas que simulam uma leve sensação de vibração.

2. Tempo de absorção: varia conforme a composição

  • À base de água → leves, seguros e de rápida absorção.
    São ideais para o uso cotidiano e durante relações vaginais. Têm baixo custo, são fáceis de encontrar e compatíveis com qualquer tipo de preservativo.
    A principal limitação é que, por absorverem rapidamente, precisam ser reaplicados ao longo da atividade sexual — especialmente se houver pouca lubrificação natural.

  • À base de silicone → mais densos e de longa duração.
    Indicados para situações de menopausa, pós-parto ou sexo anal, já que o ânus não produz lubrificação natural.
    Entre as vantagens estão a alta durabilidade e o baixo consumo, pois rendem bastante.
    Como pontos de atenção: costumam ter preço mais elevado, são menos comuns em farmácias e podem ser um pouco mais difíceis de remover dos tecidos — embora nada que um bom tutorial rápido não resolva.

  • À base de óleo → intensos e altamente hidratantes.
    Oferecem lubrificação prolongada e são úteis em casos de ressecamento severo. Também hidratam a pele da região íntima, podendo ser usados externamente.
    Entretanto, não devem ser usados com preservativos de látex, pois reduzem sua eficácia. Podem manchar tecidos e, assim como os de silicone, não são facilmente encontrados — e geralmente têm custo mais alto.

3. Praticidade na limpeza:

  • Os à base de água quase não deixam resíduo e são facilmente laváveis.

  • Os à base de silicone/óleos podem deixar manchas nos lençóis ou roupas íntimas, mas nada que uma boa lavagem (ou até um tutorial de lavanderia no YouTube 😅) não resolva.

Minhas sugestões favoritas 💜

  • Belamy Gel Hidratante Vaginal — é mais voltado como hidratante vaginal (uso contínuo) do que “lubrificante de relação”.

  • K‑Y Clinical Hidratante Intravaginal — produto com foco terapêutico, para uso interno, suporte à mucosa.

  • Hyalufem Gel — contém ácido hialurônico, ideal para quem busca efeito duradouro e reparador.

  • Pantynova Bruma Lubrificante Hidratante — opção mais leve / em spray / bruma, para quem prefere algo menos “gelatoso”.

  • Provagin Gel — voltado para lubrificação / hidratação com aplicador.

  • Needs Gel Hidratante Intravaginal — da marca Needs, com proposta de cuidado íntimo / hidratação.

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Lubrificante íntimo pode substituir o hidratante vaginal?

Não. Os hidratantes vaginais são indicados para o uso contínuo, pois tratam a secura e restauram a mucosa vaginal ao longo do tempo. Já os lubrificantes íntimos atuam apenas durante a relação sexual, reduzindo o atrito e aumentando o conforto momentaneamente.👉 Use o hidratante como tratamento e o lubrificante como apoio durante o sexo. Palavras-chave: lubrificante ou hidratante vaginal, diferença entre lubrificante e hidratante íntimo, secura vaginal o que usar

2. Homens também podem usar lubrificante?

Sim! Lubrificantes são indicados para todos os gêneros. Nos homens, podem ser usados para relações anais, masturbação ou quando há sensibilidade e atrito na região genital. Além de aumentar o prazer, ajudam a evitar microfissuras e irritações. Palavras-chave: lubrificante masculino, pode usar lubrificante no pênis, lubrificante para sexo anal

3. Gestantes podem usar lubrificante íntimo?

Sim, gestantes podem usar. Prefira produtos sem perfume, sem álcool e com pH equilibrado, para evitar irritações. Se possível, consulte seu obstetra antes de escolher o produto — principalmente em casos de infecções vaginais recorrentes ou alergias. Palavras-chave: lubrificante gestante pode usar, lubrificante na gravidez é seguro, lubrificante íntimo para gestantes

4. Posso usar óleo de coco como lubrificante íntimo?

Pode, mas com cautela. O óleo de coco 100% puro e natural pode ajudar em casos de ressecamento leve, mas não é o ideal para relações com preservativo, pois reduz a eficácia do látex e pode manchar tecidos. Prefira usá-lo apenas em situações externas ou como hidratante natural. Palavras-chave: óleo de coco como lubrificante, óleo de coco pode na relação, lubrificante natural caseiro

5. Lubrificante causa infecção vaginal?

Não, desde que seja usado corretamente.
Escolha produtos à base de água, com pH compatível e sem fragrâncias ou corantes.
Evite excessos e lave a região íntima após o uso. Produtos de má qualidade podem alterar o pH vaginal e favorecer infecções. Palavras-chave: lubrificante causa candidíase, lubrificante dá infecção, lubrificante íntimo é seguro

6. Lubrificante íntimo vence?

Sim. Todo lubrificante tem prazo de validade e, após vencido, pode alterar a textura, o pH e causar irritações. Antes de usar, confira sempre a data no rótulo e descarte o produto vencido. Palavras-chave: validade do lubrificante, lubrificante vencido faz mal, prazo de validade lubrificante íntimo

7. Pode usar saliva como lubrificante?

Não é indicado. saliva não tem poder lubrificante adequado e pode transmitir microrganismos, aumentando o risco de infecções ou ISTs, além do que, convenhamos, seca logo e fica fria, deixando uma sensação esquisita ao toque quando é passada da mão para a região genital. Prefira sempre um lubrificante íntimo seguro e dermatologicamente testadoPalavras-chave: usar saliva como lubrificante, é seguro usar saliva, lubrificante natural caseiro

8. Lubrificante ajuda na dor na relação sexual?

Sim, ajuda. O lubrificante reduz o atrito e o desconforto, sendo um aliado em casos de dispareunia (dor na relação) ou vaginismo.
No entanto, ele não trata a causa — é importante procurar um(a) ginecologista ou fisioterapeuta pélvica. Palavras-chave: lubrificante para dor na relação, lubrificante para vaginismo, dor na relação o que usar

9. Lubrificante à base de água resseca rápido?

Sim. Por serem mais leves, os lubrificantes à base de água evaporam rapidamente. A dica é reaplicar durante o uso ou optar por versões com ácido hialurônico, que prolongam a hidratação e melhoram o conforto. Palavras-chave: lubrificante à base de água seca rápido, melhor lubrificante à base de água, ácido hialurônico íntimo

10. Posso usar lubrificante com brinquedos eróticos?

Pode, mas com atenção ao material. Brinquedos feitos de silicone devem ser usados apenas com lubrificantes à base de água. Lubrificantes de silicone ou óleo podem danificar o material do toy. Palavras-chave: lubrificante para brinquedos sexuais, qual lubrificante usar com vibrador, lubrificante para sex toy

Quando consultar

  • Secura vaginal persistente, mesmo com uso de lubrificantes;

  • Dor, ardência ou fissuras frequentes durante relações;

  • Menopausa ou pós-parto com atrofia vaginal;

  • Homens com dor pélvica, fissuras ou desconforto anal;

  • Situações em que lubrificantes comuns não resolvem ou causam reação.

Erros comuns

  • Achar que “lubrificante é tudo igual”

  • Usar produtos não testados (óleos cosméticos, cremes corporais) na região íntima

  • Substituir acompanhamento médico por automedicação com lubrificantes

  • Escolher lubrificante sem considerar fase de vida ou tipo de prática sexual

  • Ignorar reações como coceira, ardência ou alergia

Leituras relacionadas

📌 Enjoy Fisio Pélvica — Informação baseada em ciência, traduzida em linguagem acessível, para promover prazer, autonomia e qualidade de vida.

Referências:
  1. International Urogynecological Association (IUGA). Lubricants and moisturizers in pelvic health: clinical recommendations. Int Urogynecol J. 2023.

  2. Faubion SS, Sood R, Kapoor E. Genitourinary syndrome of menopause: management strategies for the clinician. Mayo Clin Proc. 2022.

  3. Cochrane Review. Topical vaginal estrogens and non-hormonal moisturizers/lubricants for treating vaginal dryness. Cochrane Database Syst Rev. 2020.

  4. International Continence Society (ICS). Guidelines on pelvic floor dysfunction and sexual health. 2024.

a pair of yellow smiley face stuffed toys
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yellow banana fruit on persons hand
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brown wooden blocks on white surface
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